sábado, 12 de março de 2016

Sobre frangos e moelas e as lições da vida



Bom, hoje estive no mercado com a Gabriela. Lá, a gente comprou isso, aquilo, bifes, coisas boas, comida para mais de mês. Bem mais. A geladeira ficou cheia... Coisa boa...

Porém, a coisa não acabou aí... Deveria. Mas não.

Quando estava no mercado, fiquei observando as coisas, os produtos, os preços, e vi que as coisas mais baratas no açougue eram a moela, e o pé de frango...

E daí??

Foi daí que eu comecei a lembrar da minha infância. Do meu passado. Dos dias que eu vivi... Basicamente, eu tive uma infância boa. Eu não era fui uma criança pobre, numa família pobre, que passava necessidades.

A gente comia queijo e presunto e nescau e sucrilhos. Moramos num bairro bom, e acreditem, a gente tinha videogama, se divertia na PlayLand e almoçava regularmente na Fogo de Chão. E tudo isso com certa naturalidade. Sem a pompa que essas coisas teriam hoje. Meus pais proporcionavam essas coisas pra gente... Resumidamente, a vida era boa...

Mas, regularmente também, a gente ia almoçar na casa das minhas avós. Isso é natural. Toda família faz.

Nos últimos tempos, talvez pelo seu falecimento, eu tenho lembranças recorrentes sobre a rotina na casa da minha avó Maria. Provavelmente isso se deve à sua passagem. Provavelmente por conta da doença do meu avô, provavelmente porque a gente morava próximo e tinha contato diário, ou provavelmente por tudo isso somado.

E na casa da minha avó Maria, eu lembro que a gente comia macarrão, e ela acompanhava com pé de galinha. Quase sempre era isso. Macarrão com pé de galinha, ou macarrão com moela. E a gente comia, e a gente gostava.

Hoje em dia as pessoas veem a moela com certo nojo. Com desdém.

E eu continuo pensando, refletindo, tentando simular o dia a dia dela na minha cabeça, tendo como linha de raciocínio um cara de 34 anos, e não uma criança. Tentando me colocar lado a lado com ela.

E eu penso, sabe. A única coisa que ela podia proporcionar para nós, era a coisa mais barata do açougue. Ela era pobre. Ela tinha limitações que a gente não via. Ela dizia brava: "Ninguém come o pé. Ele é meu."

Ela não comia as coisas boas, ela dava o que ela tinha de melhor para a gente, e ficava com o que (e se) sobrava.

Ali naquela cozinha, sem saber, ela nos dava aulas que só entenderíamos muitos anos depois. E eu penso que serei sempre grato à Irmã Maria, que era como eu a chamava, por cada dia, cada experiência, cada lição, e cada moela que eu comia...

A minha irmã Maria nunca foi MasterChef. Ela não tinha livros de receitas e segredos culinários para passar entre as gerações, mas ela me ensinou muito sobre a vida. Sobre se dar. Sobre colocar a satisfação do outro antes da sua. Sobre ser avó, mãe e sobre ser filho e ser neto. Sobre solidariedade, sobre doação.

Onde estiver, esteja na paz do Senhor, irmã!!!

_______________________________________________________________________
Nota de Rodapé

E eu fico pensando.... Pensando... Respeite as pessoas. Respeite as histórias de cada um. Respeite as posições de cada um. Ouça as pessoas. Entenda as vidas de cada um. Vocês não imaginam, mas cada um ser tem uma história, um sofrimento, um fantasma dentro de si...

E uma outra coisa... Viva. Viva a sua vida. Abrace as pessoas. Diga que gosta delas. Leva presente. Chocolate alpino. A vida passa e só ficam as lembranças... Então, que sejam boas lembranças...
















sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Você vai nascer na contramão da vida, filho...



Estou a parir meu filho pobre. Na maca onde a enfermeira impaciente empurra minha barriga.
Me livro da dor pensando em seu futuro:

De uniforme e banho tomado ele desce a ladeira:

- Cuidado ao atravessar a rua! (Ele olha pra trás e sorri)
- Não esquece a merendeira hein filho? - Tá mãe!!
- Esteja bem vestido (para não te confundirem ... com ladrão).
- Não erga a cabeça pro polícia.

Vou franzindo a testa e abaixo o tom de voz:
- Ande com carteira de Trabalho no bolso e apresente-a sempre que abordado.
- Se quiser ter o cabelo colorido, será confundido com bandido. Se quiser homenagear seus ancestrais e fazer dreads e penteados, será chamado de vagabundo.
- Você poderá apanhar na cara – Por que mãe? Porque sim, Não revide
- Você sofrerá revistas vexatórias todas as semanas da sua vida. Porque sim.
- Você será chamado de nomes, "esse pobre", "de cor".
- Não ande em grupos pra não ser confundido com arrastão.

- Estude filho, vão falar que as cotas o salvou, que é incapaz. Não dê ouvidos à eles.
- Se você se esforçar muito no trabalho, será chamado de "menino até que esforçado" e mesmo que te explorem e expurguem, e que seu salário seja menor que o de todos... usarão seu exemplo, pra justificar a Meritocracia canalha que nos imputam.
- Em qualquer furto na empresa você é o suspeito, filho. Sim.
- Você será mal visto o resto da sua vida na família da sua namorada rica. Porque sim também..

Sua mãe vai sofrer violência obstetrícia no hospital. Porque é pobre. Você vai nascer na contramão da vida. Porque alguma igreja um dia disse que não tínhamos alma.
Que nossa cultura era inferior, e no passado mediram nossos dentes e nossas canelas. E nos deram um terço pra tentarmos nos redimir de termos nascido pobres.

Quando acharam oportuno, vestiram nossos turbantes e se apropriaram da nossa capoeira. Quando não nos queriam mais, nos forjaram "livres" na Lei do sexagenário. E então fomos expulsos da escravidão para a escravidão real.

Aqui estamos. Somos a história dos centros urbanos, filho. Fomos expulsos do modelo de cidade e do convívio entre pessoas. Nunca fomos pessoas.

Da periferia pra periferia seguimos, expurgados.

Não nos perguntaram onde construímos nossa vida, nossa raiz. Somos sem estória.. A cada despejo fomos para a região metropolitana que nos colocavam. Em cada plano de habitação que meia dúzia de engomados ricos escreveram, fomos encaixotados nos predinhos de 40m². Bem longe. Longe dos olhos dos gringos.

Taparam nossas casas com tapumes pra Copa do Mundo. Botaram camburão na nossa quebrada, pra nos lembrar que desde "o fim" da escravidão, não sabem o que fazer pra tampar nossa existência.
Vão te dizer que mesmo em Estado de Sítio, você tem direito à ir e vir no seu país (que seus ascendentes construíram lajota por lajota.. paralelepípedo por paralelepípedo).

Mas você será executado à luz do dia filho. Na porta de casa. E eu vou lavar seu sangue.

Você será metralhado com 50 tiros. Você e seus amigos pobres. Porque sim. Porque fazem parte da parcela da população que tem que ter regras pra estar vivo. Que é achincalhado desde o nascimento.
Nos exterminarão todos os dias, todos os dias "um crime isolado".

E jogarão a culpa no policial noiado, no indivíduo sob pressão, na legítima defesa. A sociedade não reconhecerá que são todos cúmplices da sua morte.

Eles estão certos, agem em "legítima defesa". Te avisei pra não sair sem a carteira de trabalho filho. Aliás, nem deu tempo de mostrar né? Te avisei pra não encarar o polícia.... Também não precisou. É, não deu tempo.

Vamos entrar pra estatística filho.

Eles só tem a televisão. Só tem a visão longínqua e deturpada do que somos. Eles desligarão a TV quando incomodar. Eles não sabem de mim, nem de você.

Só mais uma mulher sozinha parindo sob violência.

Só mais um pobre metralhado. O Deus rico que nos perdoe, somos sem alma.


Copiei daqui e editei à minha realidade...

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Refletindo sobre as manifestações e tudo mais...




Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de minorá-los. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas.
Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou que o filho fosse brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção. De repente deparou-se com o mapa do mundo, o que procurava!
Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou-o ao filho dizendo:
- Você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho.
Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas, depois, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente:

- Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!
A princípio o pai não deu crédito as palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares.
Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?
- Você não sabia como era o mundo, meu filho, então como conseguiu?

- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo.

Pensem sobre....

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Em terra de cego, quem tem um olho....... SOFRE.


Eu venho pensando, e pensando e pensando cada vez mais, sobre como é difícil ter algumas convicções, e ver que as pessoas simplesmente ignoram. Até que o problema, ou a situação, seja com elas.

Venho comentando com alguns mais próximos, sobre como é difícil enxergar, numa terra onde ninguém enxerga. Onde as pessoas não veem as coisas que acontecem, não refletem sobre o que se passa ao redor delas.

As pessoas não tem nenhuma capacidade (ou interesse), de fazer análise, ou crítica, sobre as coisas que acontecem.

Ou, simplesmente estão num estágio evolutivo diferente do meu, como pensaria o Dr. Sheldon.

Venho há tempos falando que está tudo errado, que as coisas não tem que funcionar assim, e sempre sou apontado.

Eu brigo, grito, xingo, bato, quebro, e todos me apontam na rua como o louco, o impaciente, o incapaz de se relacionar. Eu sou aquele cara que não sabe conversar. Eu sou aquele vizinho que ninguém quer por perto. E o amigo que vez ou outra visitam.

Daí, vi o vídeo do Professor Rodrigo Ciríaco, simplesmente exigindo que as coisas funcionem.

E fiquei pensando. Ele, assim como eu faço há anos, quebrou tudo, não pelo valor, mas pelo desrespeito. Quando um cidadão de bem mata um motoboy no meio da marginal, não é por causa de um retrovisor, é por causa da folga, do desrespeito, da falta de civilidade, de senso coletivo.

Depois, continuei vendo o segundo vídeo que o Professor postou, sobre as razões que o levaram para tal. Ele coloca que comprou isso (apartamento) e foi desrespeitado. Comprou aquilo, e foi também. Foi pro hospital, e mais uma vez descaso, e assim é desde a hora que você acorda, até a hora que vai dormir.

Esse descaso é na coisa pública, esse descaso é na coisa privada. Esse descaso é na hora do parto, e esse descaso é também na funerária. Já falo há algum tempo, que há um "foda-se" coletivo instalado na sociedade. Há um "balançar de ombros" coletivo. Todo mundo faz o que der, do jeito que der, e se não der, enterra.

Só que a cobrança vem. E como eu sou SEMPRE muito cobrado, eu tenho que pagar. Vivo numa guerra diária com o motorista do ônibus, o perueiro do trânsito, com os funcionários, com o meu patrão, com o fiscal do trabalho, e com a juiza daquela causa que eu não conhecia.

Se eu saio, por um minuto, com a bandoleira solta, tomo um tiro e morro. Se eu esqueço um documento, perco a causa. Se atraso o pagamento um dia, tome multa, e quando é do outro lado, quando exijo um mínimo das pessoas, das empresas, das estruturas, do sistema, a resposta é "Veja aí o que você quer fazer"..

Sempre coloquei isso para as pessoas, mas quando outro fala, outro é revolucionário. Quando eu falo, sou capitalista burguês, explorador.

Daí eu penso: Sabe aquela história da manipulação?? Então, as pessoas não refletem sobre os fatos, sobre as coisas. Ela seguem a direita, ou seguem a esquerda.

Então, infelizmente, AGORA estou percebendo que não estou sozinho. Pelo menos, não estou sozinho no problema. Mas eu sofro...

domingo, 26 de maio de 2013

Vis183A: Project Revival


Quando as pessoas me perguntavam: Porque você gasta tanto dinheiro no seu carro?

Eu olhava para eles e apenas sorria.

No começo, eu costumava dizer para eles que era para criar uma forma de arte, adicionando seu toque pessoal à máquina que você mesmo criou, fazendo dela uma extensão de você mesmo, e da sua personalidade.

Mas então eu percebi: Existem tantas coisas além disso!

É muito mais do que os carros, dinheiro, coração e alma que despejamos em cima.

É sobre a comunidade, as amizades, a camaradagem.  A família que é criada enquanto dividimos nossos conhecimentos entre nós. Enquanto ajudamos uns aos outros com nossos próprios projetos.

A sociedade pensa que nós somos da forma que a mídia popular gosta de nos retratar. Gostam de pensar que somos apenas um bando de jovens delinquentes e loucos, ou apenas encrenqueiros que gostam de correr nas ruas. Que não somos nada além de uma ameaça à sociedade.

Como em todos os esportes, sempre existirão as maçãs estragadas e aquelas boas.

A verdade é que a maioria de nós, na realidade, somos adultos respeitados, que gostam de dirigir as coisas que nós mesmos criamos.

Dirigir......... é a nossa forma de liberdade. Liberdade para ir aonde quisermos, quando quisermos. Liberdade para estar no controle.

Nós criticamos aqueles que correm nas ruas, e elogiamos aqueles que se mantém na pista.

Mas como todas as coisas boas, vai chegar ao seu fim. Com o que é chamada de "A guerra incansável contra a velocidade", a economia afundando, o meio-ambiente, e novas leis tornando mais difícil a personalização dos carros. A cultura popular automotiva, como conhecemos dentro em breve desaparecerá.

Se nós não nos unirmos e salvarmos as coisas que viemos a amar e apreciar, como os casos Zoot dos anos 40, Las Vegas dos anos 50, e o movimento hippie dos anos 60, a cultura automobilística será apenas mais um capítulo que você lerá num livro de história.









Refletindo sobre a violência e outros temas...


Numa ocasião anterior, sobre a morte de uma outra pessoa em situações que, em minha opinião, a vítima havia "procurado" o problema, fui questionado pelo Henrique sobre discursar sobre a dor alheia, que independente dos motivos, é dor, e não o fiz.

Bom, essa semana, ao ir para o trabalho, estava ouvindo as notícias matinais na CBN, e me deparei com essa, que tratava de um senhor, já de idade avançada, pouco mais de sessenta anos, que havia discutido com seus vizinhos por conta do barulho que esses faziam, e por não conseguir silêncio, acabou por atirar nos dois, e após isso, em si. Resumindo o causo.

Os comentários da CBN eram no sentido de retratar como, atualmente, a violência é banalizada, dizendo que se mata outros por qualquer motivo. Outro tema comentado, foi sobre a questão do porte de armas (o documento), e também sobre a posse delas, tentando passar que se não fosse a arma, o causo seria outro.

Mais tarde, no decorrer do dia, vi algum comentário no Facebook, se não me engano do André (foi do André), também questionando sobre o porque da permissão de porte de armas cedido à uma pessoa com algum tipo de transtorno físico / psicológico / psiquiátrico.

É claro, e sem dúvida nenhuma, concordo que violência não trás benefício nenhum, concordo também que a gentileza e a cortesia devem servir de base para nossas rotinas e interações diárias, e concordo também que qualquer mal acordo é ainda assim melhor que qualquer boa briga. E tanto é que procuro (mas não sou santo) seguir esses lemas e ditados.

Porém, o que gostaria de colocar hoje, é sobre a folga, a permissividade, a falta de respeito e o foda-se instalado na nossa sociedade.

Hoje em dia, todo mundo fala do louco que matou seus dois vizinhos por motivo dito como banal, mas ninguém fala da maldição que é ter vizinhos barulhentos. Ninguém comenta que é um inferno perder os seus finais de semana limpando coco de gatos dos seus vizinhos, ou então, que toda vez que chega em sua casa, depois de um dia longo e cansativo de trabalho, tem que procurar e revirar e descobrir de quem é o carro parado na sua porta.

Muito se fala sobre a falta de tolerância, e pouco se fala sobre a falta de respeito. E em minha opinião, em havendo respeito ao direito do outro, não há que se falar em tolerância, ou nesse caso, a falta dela.

Se todo maldito cidadão entendesse o seu espaço, e entendesse que toda manifestação dele que afeta o outro deve ser evitada, não seria necessário o outro tolerar.

Digo, não é o vizinho que tem que ter tolerância com o latido do seu cachorro, e nem com os seus gritos de Vai Corintia. É você tem que evitar que suas manifestações cheguem até mim. É VOCÊ QUE É O PROBLEMA, e não a pouca tolerância do outro para com animais.

Não é a senhora de meia idade sentada ali na frente que tem que entender que você é um lazarento. Você que tem a obrigação social de usar fones de ouvido.

O problema é você.

O que acontece, ao meu ver, é que há, instalado, um "coitadismo". O menino usa essa desgraça desse celular sem fones de ouvido, por ser pobre, excluído, coitado. Aquele casal faz barulhos a noite porque não conseguem preservar um casamento que começou agora, que pena. A menina nova que tem três filhos de três maridos diferentes grita o dia todo com seus filhos, porque não consegue educá-los e impor seriedade na casa, tadinha. E por aí vai.

Há um "coitadismo" disseminado, onde todo mundo pode fazer o que quiser, independente dos reflexos para os outros, porque, afinal, que opção lhes resta??

E o cidadão médio, normal, quieto, que estuda e trabalha, e que quer apenas chegar na sua casa e ter paz? E a pessoa normal, com sono logo cedo e / ou cansada pela tarde, que apenas quer paz? E a vizinha que trabalha a noite, que durante o dia, apenas quer paz?

Ninguém é obrigado a ter tolerância, não. E parem de disseminar isso. Disseminem o respeito, disseminem o "seu direito termina onde acaba o meu", disseminem a seriedade, e acabem com essa palhaçada de "tadinhos".

Mais uma vez repetindo que nada justifica a violência desse caso, e que sou adepto ao máximo da paz e do bom convívio, gostaria que refletissem sobre os próximos vinte anos que esse edifício terá de sossego.

______________________________________________

Edit:

Após escrever essa reflexão, fiquei sabendo de um motorista, que por não ser mais aceito pela sua esposa, resolveu dirigir seu carro na contra mão da Estrada dos Bandeirantes, batendo de frente com um outro carro, onde morreram oito pessoas da mesma família.

Pensei antes de mais nada: Tadinho...


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sobre o fim do namoro, e as coisas..

Bom,

Já vinha há algum tempo tendo entender essa coisa que as mulheres tem, de quando um relacionamento termina, a primeira coisa que elas fazem é prepararem uma caçamba e devolverem todas as nossas coisas, que estavam na casa delas.

Algum tempo atrás, aliás, um bom tempo atrás, eu escrevi uma carta, direcionada, falando sobre isso. Se não me engano, o link é esse, e era uma resposta para uma outra carta que eu tinha recebido.

Nessa carta que eu fiz, eu dizia algumas coisas como:

"...Se julga que não serei o melhor namorado pra você. Tem esse direito. Porém não acho correto me devolver as coisas que eu te dei..."


Além disso, eu, nessa carta, provocava, com algo nesse sentido:

"...Sendo assim, se queres devolver meus presentes. Porque não aproveita e devolve meu passado.Da mesma maneira que te dei presentes, te dei meu passado, também te dei todo o meu futuro...!


Eu penso que os namoros, em geral, são bons. E posso dizer com muita firmeza, que quando o namoro acaba, a relação entre essas duas pessoas não acaba. Vocês precisam entender isso.

Vocês precisam entender que nós continuaremos sempre preocupados com vocês, que o seu parceiro sempre vai querer que você chegue bem da faculdade, e que tire boas notas no inglês.
Tem um cara na minha rua que namorou por cinco longos e bons anos com uma menina, até no Zoológico eles iam, mas terminaram. E olha que eles se conheceram no Radial, e a história dos dois tem mais de quinze anos.


Mesmo terminando o namoro, não termina a história de vocês dois, linda! Deixa de desespero, de se amargura, de ressentimento, de mágoa... Sabe, essas coisas que estão aí, coloca numa caixa de sapato velho, guarda lá em cima do armário, e vai ser feliz...

Pinta o cabelo, começa um curso de fotografia, e retoma aquelas aulas de dança. Pára! Pára de mendigar amor e carinho. Não faz isso.

Não xinga, não braveja, não destrata. Não fecha a porta. Segue. Anda pra frente.

Quando ele te ligar, ou mandar mensagem perguntando se está tudo bem? Você diz sincera, que não, mas vai ficar. Eu sou forte, eu sou linda, independente, sei me virar e conheço a lojinha da Dinah.

Mas ó, esquece dessa coisa besta, de correr pra devolver as coisas. Esquece disso. Em não sendo uma Contour, qualquer outra coisa que ele tenha deixado na sua casa, é porque era para ficar na sua casa. E é claro que as suas coisas que estão lá na casa dele, vão ficar na casa dele.

Quando você pensar em devolver as coisas que ele deixou na sua casa, tente lembrar de algumas das coisas que eu escrevi na carta que mandei. Dentre elas, eu me lembro de ter escrito que:

"...Porque não devolve todos os beijos apaixonados que eu te dei?
Porque não devolve todos os momentos felizes que eu tive com você?..."

Então neguinha, pode parar com esse papo de que precisa apagar ele da sua memória, por que não vai. Você não vai.

Então, da mesma forma que vai ter que conviver com a história de vocês, com as lembranças, com os eventos que foram juntos, e com aquele monte de fotos, você também vai ter que conviver com aquela calça de moletom pendurada, e o livro do Chico Buarque, meio lido, que ele deixou, sem querer, esquecido no seu banheiro.

Entende que o que ficou não é a coisa, mas sim o símbolo, a lembrança, a memória. Devolver as coisas, não te refresca em nada, o pensamento.... E vai viver. E vai ser feliz.




Então, vamos recolher a tralha, vai... Recolher a tralha, e se recompor.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Sonho da Mulher dos Seus Sonhos


E eu chego em casa cansado. Jogo minhas roupas pelo chão do quarto e sento no sofá, acabado. Ela chega, me grita atenção e fala como uma doida de como foi teu dia. Eu fico entre um “uhum” e outro. Entre uma risada e outra. Mas fico com olhos e ouvidos bem atentos, como um menininho ouvindo uma história de uma heroína que salvou a cidade e ainda lembrou de passar no mercado para comprar meu iogurte predileto.

Ela me faz massagens quando eu peço. Mas só aceita fazer caso eu prometa fazer nela também. Ela trabalha, estuda, dá um trato em seu visual, malha, prepara a comida e ainda arruma tempo para me amar e me pedir para levá-la no cinema. Às vezes, eu penso como é louco o amor. No começo, eu passava noites em claro só para descobrir a melhor forma de conseguir ter um encontro com ela. E, hoje, ela é quem me convida. No primeiro encontro, eu passei quase duas horas inteiras me arrumando. Coloquei minha melhor roupa e me encharquei com meu melhor perfume só para agradá-la. Hoje, ele me acha lindo de moletom ou suado pós o futebol.


Ela me espera. Ela fica ansiosa para me ver. E me liga só para dizer que está com saudades. Ela diz que ama e que morre de tesão por mim, também. Ela me faz carinhos e arranhões que nunca tive. E me beija o corpo inteiro. E quando briga comigo por ciúmes é por medo de me perder. Ela é perfeita, mas não sabe. O meu lado possessivo até acha isso bom. Porque no dia que ela perceber que ela é dez mil vezes melhor do que qualquer mulher nesse mundo, vai querer outro cara dez mil vezes melhor do que eu. E há vários caras perfeitos por aí. Mas não sei como, ela se encantou por minha barba mal feita, por minhas piadas sem graça e por meus olhos cansados.

Bendita a sorte a minha. Até hoje não sei o que falei para ter roubado a atenção dela. E, se um dia descobrir, falarei o dia inteiro. Trato-a como uma rainha tendo a certeza de que não sou merecedor de um lugar em teu altar. Mas me esforço tanto que ela acha graça até das minhas imperfeições.
É a sorte de ser o sonho da mulher dos seus sonhos.

Recebi dela, que viu no Casal Sem Vergonha!