domingo, 12 de fevereiro de 2012

Lembra





‎"Aquele carinho que se faz no cabelo de outra pessoa...Eu adoro cafuné, e ás vezes eu durmo. Como é bom sentir aguém passando a mão no meio dos cabelos, faz nos sentir queridos.

Não há nada melhor para consolidar laços afetivos, acalmar a raiva e consoar aquelas frustrações. Tem cafuné de mãe, do avô, da namorada, da amiga a até mesmo daqueles instrumentos que parece uma aranha metálica ou um capacete para lavagem cerebral. Mas esse não tem graça! Bom mesmo é deitar a cabeça no colo daquela pessoas querida, e sentir a mão dela deslizar por entre as mechas. Não há mal que sobreviva."

Mais um conto cotidiano...

Após algum tempo, ali, naquela estagnação, no marasmo, Fábio resolveu morar sozinho. Procurou apartamentos, consultou imobiliárias, conversou com pessoas, e um tempo depois, comprou um lugar. Não era um exemplo de beleza e organização, mas era seu.


Ali, ele passava os dias, sozinho. Morava sozinho. Fábio também trabalhava sozinho, e geralmente estava sozinho. Gostava de vez ou outra conhecer um bar, ou um restaurante novo, sempre sozinho. Fábio não se dava bem com os compromissos, e com as expectativas das pessoas.

Não raramente encontrava alguém, num desses bares da tão famosa São Paulo, afinal, Fábio era um rapaz interessante. Sua simplicidade chamava a atenção. Conversavam um pouco, falavam da vida, dos lugares, das experiências, discutiam rapidamente se iriam para um apartamento, pro outro, ou para algum lugar ali próximo. Algumas vezes, freqüentes até, se relacionavam ali, no carro, na rua, sob o luar.

Até que numa dessas noites, sem estrelas, sem nuvens, onde só a Lua despontava no céu, Fábio encontrou uma garota diferente. Natália. Com ela, tudo havia sido até então, igual, mas ele quis telefonar no dia seguinte. E telefonou.

Alguns dias depois, se encontraram, conversaram mais sobre si mesmos, se conheceram, e passaram a se ver com mais freqüência. Fábio tinha vontade, e Natália queria passar os dias com ele.

Iam ao cinema juntos, passeavam pelo Parque do Ibirapuera aos domingos, e vez ou outra viajavam. Gostavam de ir para Ilha Bela. Era ali uma espécie de refúgio dos dois. Um espaço onde achavam ser só deles.

Foram vivendo assim. Passaram alguns meses, comemoraram seus aniversários, chegou o Natal, e abriram mais um ano juntos. Fábio não era um homem de muitas exigências, e Natália não tinha muitas frescuras. Eles iam bem.

Até que então, Natália resolveu sugerir, e Fábio concordou de pronto. Algumas semanas depois, Natália chegou com um tanto de caixas, uma ou duas malas de roupas, e passou a morar ali.

Eles se sentiam cada vez mais próximos! Faziam muitas coisas juntos. Fábio fazia o jantar, e a Natália lavava a louça. Era um casal com bastante cumplicidade. Nos meses seguintes, fizeram curso de culinária juntos. Algumas aulas de fotografia (só as primeiras eram grátis), e viajaram para novos lugares. Foram visitar os parentes em outros estados. Tanto um, quanto o outro, queria apresentar o parceiro para a família.

Se orgulhavam daquela vitória. De ter encontrado um parceiro legal.

Viajaram para as Minas Gerais, foram para o Nordeste, num feriado curto, passaram pelo Paraná, e numa férias que combinaram passar juntos, foram para Florianópolis, uma ilha, no estado de Santa Catarina, onde Natália tinha parentes mais próximos. Gente que cresceu com ela. Suas primas mais próximas, as com quem sempre conviveu, moravam ali.

Voltaram, todos receberam sempre muito bem um, como o outro, e Fábio, junto com Natália, formavam um belo casal. Eles eram radiantes, realmente apaixonados. Todos tinham certeza que foram feitos um para o outro.

Como sempre foram muito bem recebidos, quando alguém vinha para São Paulo, faziam questão de encontrar. Buscavam no hotel, levavam para jantar, para conhecer as luzes de natal da Paulista, para algum jogo no Pacaembu.

Aquele primo da Natália que veio das Minas Gerais, o Fábio levou para conhecer o Love Story. Dessa vez Natália não gostou. Mas não comentou. Não discutiram.

Até que um dia, Natália telefonou lá no trabalho do Fábio, precisava de uma opinião. Aquela prima Lourdes, lá da Ilha de Florianópolis, que completava 18 anos alguns meses antes, queria passar alguns dias em São Paulo, para prestar vestibular. Natália havia a convidado para passar alguns dias na casa deles, até que acabassem as provas, e ela pudesse voltar.

Fábio se lembrava bem da Lurdinha. Prima menina, acanhada, envergonhada, loira. E não se negou.

Alguns dias atrás a Lurdinha chegou. Havia tirado os aparelhos que ajudavam seus dentes a ficarem no lugar. E já não era mais aquela menina acanhada.

Daí pra frente, amigos, é outra história. A única coisa que posso dizer, é que ela mudou a vida daquele casal...





Para quem não conhece o Fábio