domingo, 26 de maio de 2013

Refletindo sobre a violência e outros temas...


Numa ocasião anterior, sobre a morte de uma outra pessoa em situações que, em minha opinião, a vítima havia "procurado" o problema, fui questionado pelo Henrique sobre discursar sobre a dor alheia, que independente dos motivos, é dor, e não o fiz.

Bom, essa semana, ao ir para o trabalho, estava ouvindo as notícias matinais na CBN, e me deparei com essa, que tratava de um senhor, já de idade avançada, pouco mais de sessenta anos, que havia discutido com seus vizinhos por conta do barulho que esses faziam, e por não conseguir silêncio, acabou por atirar nos dois, e após isso, em si. Resumindo o causo.

Os comentários da CBN eram no sentido de retratar como, atualmente, a violência é banalizada, dizendo que se mata outros por qualquer motivo. Outro tema comentado, foi sobre a questão do porte de armas (o documento), e também sobre a posse delas, tentando passar que se não fosse a arma, o causo seria outro.

Mais tarde, no decorrer do dia, vi algum comentário no Facebook, se não me engano do André (foi do André), também questionando sobre o porque da permissão de porte de armas cedido à uma pessoa com algum tipo de transtorno físico / psicológico / psiquiátrico.

É claro, e sem dúvida nenhuma, concordo que violência não trás benefício nenhum, concordo também que a gentileza e a cortesia devem servir de base para nossas rotinas e interações diárias, e concordo também que qualquer mal acordo é ainda assim melhor que qualquer boa briga. E tanto é que procuro (mas não sou santo) seguir esses lemas e ditados.

Porém, o que gostaria de colocar hoje, é sobre a folga, a permissividade, a falta de respeito e o foda-se instalado na nossa sociedade.

Hoje em dia, todo mundo fala do louco que matou seus dois vizinhos por motivo dito como banal, mas ninguém fala da maldição que é ter vizinhos barulhentos. Ninguém comenta que é um inferno perder os seus finais de semana limpando coco de gatos dos seus vizinhos, ou então, que toda vez que chega em sua casa, depois de um dia longo e cansativo de trabalho, tem que procurar e revirar e descobrir de quem é o carro parado na sua porta.

Muito se fala sobre a falta de tolerância, e pouco se fala sobre a falta de respeito. E em minha opinião, em havendo respeito ao direito do outro, não há que se falar em tolerância, ou nesse caso, a falta dela.

Se todo maldito cidadão entendesse o seu espaço, e entendesse que toda manifestação dele que afeta o outro deve ser evitada, não seria necessário o outro tolerar.

Digo, não é o vizinho que tem que ter tolerância com o latido do seu cachorro, e nem com os seus gritos de Vai Corintia. É você tem que evitar que suas manifestações cheguem até mim. É VOCÊ QUE É O PROBLEMA, e não a pouca tolerância do outro para com animais.

Não é a senhora de meia idade sentada ali na frente que tem que entender que você é um lazarento. Você que tem a obrigação social de usar fones de ouvido.

O problema é você.

O que acontece, ao meu ver, é que há, instalado, um "coitadismo". O menino usa essa desgraça desse celular sem fones de ouvido, por ser pobre, excluído, coitado. Aquele casal faz barulhos a noite porque não conseguem preservar um casamento que começou agora, que pena. A menina nova que tem três filhos de três maridos diferentes grita o dia todo com seus filhos, porque não consegue educá-los e impor seriedade na casa, tadinha. E por aí vai.

Há um "coitadismo" disseminado, onde todo mundo pode fazer o que quiser, independente dos reflexos para os outros, porque, afinal, que opção lhes resta??

E o cidadão médio, normal, quieto, que estuda e trabalha, e que quer apenas chegar na sua casa e ter paz? E a pessoa normal, com sono logo cedo e / ou cansada pela tarde, que apenas quer paz? E a vizinha que trabalha a noite, que durante o dia, apenas quer paz?

Ninguém é obrigado a ter tolerância, não. E parem de disseminar isso. Disseminem o respeito, disseminem o "seu direito termina onde acaba o meu", disseminem a seriedade, e acabem com essa palhaçada de "tadinhos".

Mais uma vez repetindo que nada justifica a violência desse caso, e que sou adepto ao máximo da paz e do bom convívio, gostaria que refletissem sobre os próximos vinte anos que esse edifício terá de sossego.

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Edit:

Após escrever essa reflexão, fiquei sabendo de um motorista, que por não ser mais aceito pela sua esposa, resolveu dirigir seu carro na contra mão da Estrada dos Bandeirantes, batendo de frente com um outro carro, onde morreram oito pessoas da mesma família.

Pensei antes de mais nada: Tadinho...


2 comentários:

  1. Li o seu texto e fiquei pensando nele durante alguns dias...
    Pois é, Dante, está tudo errado, tudo!
    Todo mundo é coitadinho, nessas horas...
    O Assassino foi incompreendido pela sociedade, acordou estressado e de mal humor com a vida e resolveu matar, porque é mais fácil cortar o mal pela raiz, né?
    Ai o cidadão é preso e o que acontece? Vem o Direitos Humanos pra ele e o discurso é o mesmo: Foi incompreendido pela sociedade, porque é pobre, porque é preto, porque é gay, porque é ateu, ou sei lá o porque, só se sabe que ele foi incompreendido pela sociedade.
    Mais que sociedade?
    A mesma que assiste a tudo de camarote? A mesma que está mais preocupada com o Marcos Feliciano do que com o que acontece em Brasilia?
    A mesma sociedade que acha que o Brasil é o Pais do Futebol?
    Sabe, dia 09 de julho temos um feriado, mas quase ninguém, sabe da existência do feriado, ou melhor: Sabem sim! Mas não sabe o significado...Nem imaginam que em 1939 um monte de Homens foram lutar pelo o que acreditava, e acabaram morrendo...
    Em uma música "Juventude em Marcha" do Vinicius Calderoni, que ele fala: "Então / canto para quê? / grito contra quem? / vou atrás de quê?"
    Mas hoje em dia as pessoas marcham para que?

    "Muito se fala sobre a falta de tolerância, e pouco se fala sobre a falta de respeito. E em minha opinião, em havendo respeito ao direito do outro, não há que se falar em tolerância, ou nesse caso, a falta dela."
    Pois é, eu reclamo por um mundo mais justo, mas a minha educação é zero...
    Eu reclamo por um pais mais justo, mas tenho minha carteirinha falsa de estudante para pagar meia em show´s, cinemas, teatros...
    Eu reclamo que a cidade está suja, mais jogo meu papelzinho de bala, sabe? Aquele pequeno, que quase ninguém vê no chão.
    Enfim, era pra ser um comentário e virou quase um livro rsss...
    Tá tudo errado, Dante...Tudo!

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    1. Tinha uma música, acho que da Ana Carolina, que ela falava que agora que estão todos se corrompendo, ela, só de raiva, vai ser mais honesta ainda...

      Eu já me rendi. Minha meta é estar a margem disso tudo, com um lago raso pra pegar uns peixes, uma cerca branca, e uns pé de qualquer coisa pra colher umas frutas que servem de adoçar o dia.

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